21.10.21

Chegou a vez do Modernismo...

 Hoje, falaremos do período literário e artístico que transformou definitivamente o cenário brasileiro quando se fala em produção artística: o Modernismo.

Iniciado em 1922, com a Semana de Arte Moderna, o movimento visava a dissociação dos ideias parnasianos e tradicionais, trazendo à tona a realidade brasileira e a identidade cultural do país.

Para melhor entender as características deste período, vejamos esta breve aula:



Que tal, agora, analisar um poema modernista do grande poeta Carlos Drummond de Andrade? É só ouvir o podcast a seguir:

 

Para bem finalizar nosso aprendizado, vamos aos exercícios:

1 – (ENEM) – “Poética”, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento modernista brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora críticas e propostas que representam o pensamento estético predominante na época.


Poética

Estou farto do lirismo comedido

Do lirismo bem comportado

Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente

protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.

Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário

o cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas

[…]

Quero antes o lirismo dos loucos

O lirismo dos bêbedos

O lirismo difícil e pungente dos bêbedos

O lirismo dos clowns de Shakespeare

– Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de janeiro: José Aguilar, 1974)


Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta:

Critica o lirismo louco do movimento modernista.

b) Critica todo e qualquer lirismo na literatura.

c) Propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.

d) Propõe o retorno do movimento romântico.

e) Propõe a criação de um novo lirismo.

2 – (ENEM)  O uso do pronome átono no início das frases é destacado por um poeta e por um gramático nos textos abaixo.


Pronominais

Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

Da Nação Brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso camarada

Me dá um cigarro.

(ANDRADE, Oswald de. Seleção de textos. São Paulo: Nova Cultural, 1988.)

“Iniciar a frase com pronome átono só é lícito na conversação familiar, despreocupada, ou na língua escrita quando se deseja reproduzir a fala dos personagens (…)”.

(CEGALLA. Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Nacional, 1980.)

Comparando a explicação dada pelos autores sobre essa regra, pode-se afirmar que ambos:

a) Condenam essa regra gramatical.

b) Acreditam que apenas os esclarecidos sabem essa regra.

c) Criticam a presença de regras na gramática.

d) Afirmam que não há regras para uso de pronomes.

e) Relativizam essa regra gramatical.

3 – (Enem 2012) –


O trovador

Sentimentos em mim do asperamente

dos homens das primeiras eras…

As primaveras do sarcasmo

intermitentemente no meu coração arlequinal…

Intermitentemente…

Outras vezes é um doente, um frio

na minha alma doente como um longo som redondo…

Cantabona! Cantabona!

Dlorom…

Sou um tupi tangendo um alaúde!

ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas de Mário de Andrade.

Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.

Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia de Mário de Andrade. Em O trovador, esse aspecto é

a) abordado subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal”, que, evocando o carnaval, remete à brasilidade.

b) verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de Andrade em suas viagens e pesquisas folclóricas.

c) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1), “frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom” (v. 9).

d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.

e) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para mostrar o orgulho brasileiro por suas raízes indígenas.

4 – (UDESC) –

A Semana da Arte Moderna de 1922 tinha como uma das grandes aspirações renovar o ambiente artístico e cultural do país, produzindo uma arte brasileira afinada com as tendências vanguardistas europeias, sem, contudo, perder o caráter nacional; para isso contou com a participação de escritores, artistas plásticos, músicos, entre outros. Analise as sequências que reúnam as proposições corretas em relação à Semana da Arte Moderna.

I. O movimento modernista buscava resgatar alguns pontos em comum com o Barroco, como os contos sobre a natureza; e com o Parnasianismo, como o estilo simples da linguagem.

II. A exposição da artista plástica Anita Malfatti representou um marco para o modernismo brasileiro; suas obras apresentavam tendências vanguardistas europeias, o que de certa forma chocou grande parte do público; foi criticada pela corrente conservadora, mas despertou os jovens para a renovação da arte brasileira.

III. O escritor Graça Aranha foi quem abriu o evento com a sua conferência inaugural “A emoção estética na Arte Moderna”; em seguida, apresentou suas obras Pauliceia desvairada e Amar, verbo intransitivo.

IV. O maestro e compositor Villa-Lobos foi um dos mais importantes e atuantes participantes da Semana.

V. As esculturas de Brecheret, impregnadas de modernidade, foram um dos estandartes da Semana; sua maquete do Movimento às Bandeiras foi recusada pelas autoridades paulistas; hoje, umas das esculturas públicas mais admiradas em São Paulo.

Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo.

a) II, III e V.

b) II, IV e V

c) I e III.

d) I e IV.

e) II e V.

5 – (UEL-PR) – As reações negativas do público à Semana de Arte Moderna refletem: 

a) a fixação do espírito brasileiro no propósito de menosprezo das criações nacionalistas. 

b) a possibilidade do futuro fracasso do Modernismo como movimento estético literário. 

c) a aversão dos autores em se comunicar com o público presente no Teatro Municipal de São Paulo. 

d) a preferência pelas manifestações artísticas já cristalizadas nas linhas do academicismo. 

e) o pouco amadurecimento dos autores para propostas de vanguarda.

6 – (UFC) – Macunaíma – obra-prima de Mário de Andrade – é um dos livros que melhor representam a produção literária brasileira do presente século. Sua principal característica é:

a) traçar, como no Romantismo, o perfil do índio brasileiro como protótipo das virtudes nacionais.

b) Ser um livro em que se encontram representados os princípios que orientam o movimento modernista de 22, dentre os quais o fundamental é a aproximação da literatura à música.

c) Analisar, de modo sistemático, as inúmeras variações sociais e regionais da língua portuguesa no Brasil, destacando em especial o tupi-guarani.

d) Ser um texto em que o autor subverter, na linguagem literária os padrões vigentes, ao fazer conviver, sem respeitar limites geográficos, formas linguísticas oriundas das mais diversas partes do Brasil.

e) Exaltar, de forma especial, a cultura popular regional, particularmente a representativa do Norte e Nordeste brasileiro.

7 - A Semana de arte moderna, ocorrida em 1922, inaugurou o movimento modernista no Brasil. A primeira fase do modernismo literário brasileiro, que durou de 1922 a 1930, teve como principal característica:

a) uso de poemas de forma fixa, como o soneto.
b) linguagem rebuscada e acadêmica.
c) valorização das raízes culturais brasileiras.
d) pessimismo e oposição ao romantismo.
e) foco em temas relacionados com a colonização

8 - Muitos escritores fizeram parte da primeira geração modernista no Brasil, exceto:

a) Mário de Andrade
b) Manuel Bandeira
c) Cassiano Ricardo
d) Carlos Drummond de Andrade
e) Alcântara Machado

9 -  A primeira geração modernista ficou conhecida como “fase heroica” por tentar criar uma identidade mais brasileira se afastando dos moldes europeus. Assim, houve diversos grupos, revistas e manifestos que foram criados nesse momento, exceto:

a) Movimento Verde-Amarelo
b) Revista Klaxon
c) Movimento Pau-Brasil
d) Movimento Antropofágico
e) Poesia de 30

10 -  O capoeira

— Qué apanhá sordado?
— O quê?
— Qué apanhá?
Pernas e cabeça na calçada.

(Oswald de Andrade. Poesias reunidas. 5.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 94)

Sobre a linguagem modernista é incorreto afirmar:

a) busca de uma linguagem mais coloquial.
b) valorização de temas ligados ao cotidiano.
c) uso dos versos livres, sem métrica definida.
d) arte pela arte ou arte sobre a arte.
e) irreverência e subjetivismo dos textos.








Gabarito

1. e) Propõe a criação de um novo lirismo.



2. e) Relativizam essa regra gramatical.

3. d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.


4.b) II, IV e V


5. d) a preferência pelas manifestações artísticas já cristalizadas nas linhas do academicismo. 


6. d) Ser um texto em que o autor subverter, na linguagem literária os padrões vigentes, ao fazer conviver, sem respeitar limites geográficos, formas linguísticas oriundas das mais diversas partes do Brasil.


7. c) valorização das raízes culturais brasileiras.

Um dos principais objetivos do modernismo brasileiro era trazer à tona aspectos da cultura popular brasileira. Por isso, nesse momento, o nacionalismo e o ufanismo sustentaram e auxiliaram na valorização de uma cultura tipicamente brasileira.

8. d) Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade foi um dos poetas da segunda geração modernista, sendo precursor da chamada “poesia de 30”.

9. e) Poesia de 30

A poesia de 30, também chamada de geração de 30, reúne obras poéticas de autores da segunda fase do modernismo (1930-1945).

Com grande liberdade formal e experimentação estética, essa fase marca um período de grande maturidade dos escritores, dos quais se destacam: Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Murilo Mendes, Mario Quintana, Manoel de Barros, Vinicius de Moraes e Jorge de Lima.

Nas outras alternativas, temos:

a) Movimento Verde-Amarelo: corrente ufanista de exaltação do Brasil criada em 1926 e que representou uma reação contra o nacionalismo afrancesado do movimento pau-Brasil.
b) Revista Klaxon: revista semanal que circulou de 1922 a 1923 e apresentava temas relacionados com arte moderna.
c) Movimento Pau-Brasil: com foco na valorização da identidade nacional, esse movimento teve início em 1924 com a publicação do manifesto “Pau-Brasil”, de Oswald de Andrade.
d) Movimento Antropofágico: corrente vanguardista liderada por Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral tinha como intuito transfigurar a cultura, principalmente a europeia, conferindo assim, o caráter nacional. Teve origem em 1928 com a publicação do Manifesto Antropofágico publicado por Oswald de Andrade em 1.º de maio de 1928 na Revista de Antropofagia.

10. d) arte pela arte ou arte sobre a arte.

A linguagem modernista é despreocupada com os padrões formais e regras preconcebidas. Assim, os versos utilizados são livres, ou seja, não possuem um número predeterminado de sílabas poéticas.

A busca de uma linguagem mais popular e brasileira representa uma das importantes características do movimento. Ela faz uso da irreverência, do humor e da ironia para abordar temas relacionados com o cotidiano.

A valorização de questões relacionadas com a cultura brasileira vai de encontro com o tema da arte pela arte ou da arte sobre a arte. Nesse conceito, muito explorado no parnasianismo, a preocupação é somente estética, se distanciando de questões morais e sociais e, por isso, não faz parte da linguagem modernista.


Bibliografia:

https://www.infoescola.com/literatura/modernismo/#:~:text=O%20Modernismo%20%C3%A9%20uma%20escola,entre%20as%20duas%20Guerras%20Mundiais.

https://www.infoescola.com/literatura/modernismo-brasileiro/

https://beduka.com/blog/exercicios/literatura-exercicios/exercicios-sobre-modernismo/

https://www.todamateria.com.br/exercicios-sobre-a-primeira-geracao-modernista-1-fase-do-modernismo/

https://www.culturagenial.com/modernismo-no-brasil/

https://www.culturagenial.com/poemas-de-amor-de-carlos-drummond-de-andrade/


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