21.10.21

Chegou a vez do Modernismo...

 Hoje, falaremos do período literário e artístico que transformou definitivamente o cenário brasileiro quando se fala em produção artística: o Modernismo.

Iniciado em 1922, com a Semana de Arte Moderna, o movimento visava a dissociação dos ideias parnasianos e tradicionais, trazendo à tona a realidade brasileira e a identidade cultural do país.

Para melhor entender as características deste período, vejamos esta breve aula:



Que tal, agora, analisar um poema modernista do grande poeta Carlos Drummond de Andrade? É só ouvir o podcast a seguir:

 

Para bem finalizar nosso aprendizado, vamos aos exercícios:

1 – (ENEM) – “Poética”, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento modernista brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora críticas e propostas que representam o pensamento estético predominante na época.


Poética

Estou farto do lirismo comedido

Do lirismo bem comportado

Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente

protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.

Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário

o cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas

[…]

Quero antes o lirismo dos loucos

O lirismo dos bêbedos

O lirismo difícil e pungente dos bêbedos

O lirismo dos clowns de Shakespeare

– Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de janeiro: José Aguilar, 1974)


Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta:

Critica o lirismo louco do movimento modernista.

b) Critica todo e qualquer lirismo na literatura.

c) Propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.

d) Propõe o retorno do movimento romântico.

e) Propõe a criação de um novo lirismo.

2 – (ENEM)  O uso do pronome átono no início das frases é destacado por um poeta e por um gramático nos textos abaixo.


Pronominais

Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

Da Nação Brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso camarada

Me dá um cigarro.

(ANDRADE, Oswald de. Seleção de textos. São Paulo: Nova Cultural, 1988.)

“Iniciar a frase com pronome átono só é lícito na conversação familiar, despreocupada, ou na língua escrita quando se deseja reproduzir a fala dos personagens (…)”.

(CEGALLA. Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Nacional, 1980.)

Comparando a explicação dada pelos autores sobre essa regra, pode-se afirmar que ambos:

a) Condenam essa regra gramatical.

b) Acreditam que apenas os esclarecidos sabem essa regra.

c) Criticam a presença de regras na gramática.

d) Afirmam que não há regras para uso de pronomes.

e) Relativizam essa regra gramatical.

3 – (Enem 2012) –


O trovador

Sentimentos em mim do asperamente

dos homens das primeiras eras…

As primaveras do sarcasmo

intermitentemente no meu coração arlequinal…

Intermitentemente…

Outras vezes é um doente, um frio

na minha alma doente como um longo som redondo…

Cantabona! Cantabona!

Dlorom…

Sou um tupi tangendo um alaúde!

ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas de Mário de Andrade.

Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.

Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia de Mário de Andrade. Em O trovador, esse aspecto é

a) abordado subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal”, que, evocando o carnaval, remete à brasilidade.

b) verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de Andrade em suas viagens e pesquisas folclóricas.

c) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1), “frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom” (v. 9).

d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.

e) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para mostrar o orgulho brasileiro por suas raízes indígenas.

4 – (UDESC) –

A Semana da Arte Moderna de 1922 tinha como uma das grandes aspirações renovar o ambiente artístico e cultural do país, produzindo uma arte brasileira afinada com as tendências vanguardistas europeias, sem, contudo, perder o caráter nacional; para isso contou com a participação de escritores, artistas plásticos, músicos, entre outros. Analise as sequências que reúnam as proposições corretas em relação à Semana da Arte Moderna.

I. O movimento modernista buscava resgatar alguns pontos em comum com o Barroco, como os contos sobre a natureza; e com o Parnasianismo, como o estilo simples da linguagem.

II. A exposição da artista plástica Anita Malfatti representou um marco para o modernismo brasileiro; suas obras apresentavam tendências vanguardistas europeias, o que de certa forma chocou grande parte do público; foi criticada pela corrente conservadora, mas despertou os jovens para a renovação da arte brasileira.

III. O escritor Graça Aranha foi quem abriu o evento com a sua conferência inaugural “A emoção estética na Arte Moderna”; em seguida, apresentou suas obras Pauliceia desvairada e Amar, verbo intransitivo.

IV. O maestro e compositor Villa-Lobos foi um dos mais importantes e atuantes participantes da Semana.

V. As esculturas de Brecheret, impregnadas de modernidade, foram um dos estandartes da Semana; sua maquete do Movimento às Bandeiras foi recusada pelas autoridades paulistas; hoje, umas das esculturas públicas mais admiradas em São Paulo.

Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo.

a) II, III e V.

b) II, IV e V

c) I e III.

d) I e IV.

e) II e V.

5 – (UEL-PR) – As reações negativas do público à Semana de Arte Moderna refletem: 

a) a fixação do espírito brasileiro no propósito de menosprezo das criações nacionalistas. 

b) a possibilidade do futuro fracasso do Modernismo como movimento estético literário. 

c) a aversão dos autores em se comunicar com o público presente no Teatro Municipal de São Paulo. 

d) a preferência pelas manifestações artísticas já cristalizadas nas linhas do academicismo. 

e) o pouco amadurecimento dos autores para propostas de vanguarda.

6 – (UFC) – Macunaíma – obra-prima de Mário de Andrade – é um dos livros que melhor representam a produção literária brasileira do presente século. Sua principal característica é:

a) traçar, como no Romantismo, o perfil do índio brasileiro como protótipo das virtudes nacionais.

b) Ser um livro em que se encontram representados os princípios que orientam o movimento modernista de 22, dentre os quais o fundamental é a aproximação da literatura à música.

c) Analisar, de modo sistemático, as inúmeras variações sociais e regionais da língua portuguesa no Brasil, destacando em especial o tupi-guarani.

d) Ser um texto em que o autor subverter, na linguagem literária os padrões vigentes, ao fazer conviver, sem respeitar limites geográficos, formas linguísticas oriundas das mais diversas partes do Brasil.

e) Exaltar, de forma especial, a cultura popular regional, particularmente a representativa do Norte e Nordeste brasileiro.

7 - A Semana de arte moderna, ocorrida em 1922, inaugurou o movimento modernista no Brasil. A primeira fase do modernismo literário brasileiro, que durou de 1922 a 1930, teve como principal característica:

a) uso de poemas de forma fixa, como o soneto.
b) linguagem rebuscada e acadêmica.
c) valorização das raízes culturais brasileiras.
d) pessimismo e oposição ao romantismo.
e) foco em temas relacionados com a colonização

8 - Muitos escritores fizeram parte da primeira geração modernista no Brasil, exceto:

a) Mário de Andrade
b) Manuel Bandeira
c) Cassiano Ricardo
d) Carlos Drummond de Andrade
e) Alcântara Machado

9 -  A primeira geração modernista ficou conhecida como “fase heroica” por tentar criar uma identidade mais brasileira se afastando dos moldes europeus. Assim, houve diversos grupos, revistas e manifestos que foram criados nesse momento, exceto:

a) Movimento Verde-Amarelo
b) Revista Klaxon
c) Movimento Pau-Brasil
d) Movimento Antropofágico
e) Poesia de 30

10 -  O capoeira

— Qué apanhá sordado?
— O quê?
— Qué apanhá?
Pernas e cabeça na calçada.

(Oswald de Andrade. Poesias reunidas. 5.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 94)

Sobre a linguagem modernista é incorreto afirmar:

a) busca de uma linguagem mais coloquial.
b) valorização de temas ligados ao cotidiano.
c) uso dos versos livres, sem métrica definida.
d) arte pela arte ou arte sobre a arte.
e) irreverência e subjetivismo dos textos.








Gabarito

1. e) Propõe a criação de um novo lirismo.



2. e) Relativizam essa regra gramatical.

3. d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.


4.b) II, IV e V


5. d) a preferência pelas manifestações artísticas já cristalizadas nas linhas do academicismo. 


6. d) Ser um texto em que o autor subverter, na linguagem literária os padrões vigentes, ao fazer conviver, sem respeitar limites geográficos, formas linguísticas oriundas das mais diversas partes do Brasil.


7. c) valorização das raízes culturais brasileiras.

Um dos principais objetivos do modernismo brasileiro era trazer à tona aspectos da cultura popular brasileira. Por isso, nesse momento, o nacionalismo e o ufanismo sustentaram e auxiliaram na valorização de uma cultura tipicamente brasileira.

8. d) Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade foi um dos poetas da segunda geração modernista, sendo precursor da chamada “poesia de 30”.

9. e) Poesia de 30

A poesia de 30, também chamada de geração de 30, reúne obras poéticas de autores da segunda fase do modernismo (1930-1945).

Com grande liberdade formal e experimentação estética, essa fase marca um período de grande maturidade dos escritores, dos quais se destacam: Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Murilo Mendes, Mario Quintana, Manoel de Barros, Vinicius de Moraes e Jorge de Lima.

Nas outras alternativas, temos:

a) Movimento Verde-Amarelo: corrente ufanista de exaltação do Brasil criada em 1926 e que representou uma reação contra o nacionalismo afrancesado do movimento pau-Brasil.
b) Revista Klaxon: revista semanal que circulou de 1922 a 1923 e apresentava temas relacionados com arte moderna.
c) Movimento Pau-Brasil: com foco na valorização da identidade nacional, esse movimento teve início em 1924 com a publicação do manifesto “Pau-Brasil”, de Oswald de Andrade.
d) Movimento Antropofágico: corrente vanguardista liderada por Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral tinha como intuito transfigurar a cultura, principalmente a europeia, conferindo assim, o caráter nacional. Teve origem em 1928 com a publicação do Manifesto Antropofágico publicado por Oswald de Andrade em 1.º de maio de 1928 na Revista de Antropofagia.

10. d) arte pela arte ou arte sobre a arte.

A linguagem modernista é despreocupada com os padrões formais e regras preconcebidas. Assim, os versos utilizados são livres, ou seja, não possuem um número predeterminado de sílabas poéticas.

A busca de uma linguagem mais popular e brasileira representa uma das importantes características do movimento. Ela faz uso da irreverência, do humor e da ironia para abordar temas relacionados com o cotidiano.

A valorização de questões relacionadas com a cultura brasileira vai de encontro com o tema da arte pela arte ou da arte sobre a arte. Nesse conceito, muito explorado no parnasianismo, a preocupação é somente estética, se distanciando de questões morais e sociais e, por isso, não faz parte da linguagem modernista.


Bibliografia:

https://www.infoescola.com/literatura/modernismo/#:~:text=O%20Modernismo%20%C3%A9%20uma%20escola,entre%20as%20duas%20Guerras%20Mundiais.

https://www.infoescola.com/literatura/modernismo-brasileiro/

https://beduka.com/blog/exercicios/literatura-exercicios/exercicios-sobre-modernismo/

https://www.todamateria.com.br/exercicios-sobre-a-primeira-geracao-modernista-1-fase-do-modernismo/

https://www.culturagenial.com/modernismo-no-brasil/

https://www.culturagenial.com/poemas-de-amor-de-carlos-drummond-de-andrade/


17.3.21

Da intertextualidade


 


Intertextualidade é o recurso utilizado quando, ao criar um novo texto (escrito ou visual) o autor se utiliza de outros textos, referenciando, parafraseando ou, simplesmente, citando esse conteúdos.
Para compreender melhor o conceito e os tipos de intertextualidade, assista ao vídeo a seguir:




Agora, que entendemos melhor o que é intertextualidade, que tal ver, na prática, uma análise? A canção Monte Castelo, da banda Legião Urbana, é um poço de textos dentro de textos. Ouve só:




Bem, agora que temos bastante conteúdo sobre o assunto, vamos praticar? É hora dos exercícios (gabarito ao final):

1. Sobre o conceito de intertextualidade, podemos afirmar:

I. Introdução de novos elementos no texto. Pode-se também retomar esses elementos para introduzir novos referentes;

II. Operação responsável pela manutenção do foco nos objetos de discurso previamente introduzidos;

III. Elemento constituinte do processo de escrita e leitura. Trata-se das relações dialógicas estabelecidas entre dois ou mais textos;

IV. Pode ocorrer de maneira implícita ou explícita;

V. Responsável pela continuidade de um tema e pelo estabelecimento das relações semânticas presentes em um texto.

Estão corretas as proposições:

a) Todas estão corretas.

b) Apenas I, II e V estão corretas.

c) Apenas III e IV estão corretas.

d) III, IV e V estão corretas.

e) I e II estão corretas.




2. (Enem – 2003)


Operários, 1933, óleo sobre tela, 150x205 cm, (P122), Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo



Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes assegura identidade peculiar, são iguais enquanto frente de trabalho. Num dos cantos, as chaminés das indústrias se alçam verticalmente. No mais, em todo o quadro, rostos colados, um ao lado do outro, em pirâmide que tende a se prolongar infinitamente, como mercadoria que se acumula, pelo quadro afora.

(Nádia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista.)

O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nos versos transcritos em:

a) “Pensem nas meninas/ Cegas inexatas/ Pensem nas mulheres/ Rotas alteradas.” (Vinícius de Moraes)

b) “Somos muitos severinos/ iguais em tudo e na sina:/ a de abrandar estas pedras/ suando-se muito em cima.” (João Cabral de Melo Neto)

c) “O funcionário público não cabe no poema/ com seu salário de fome/ sua vida fechada em arquivos.” (Ferreira Gullar)

d) “Não sou nada./ Nunca serei nada./ Não posso querer ser nada./À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.” (Fernando Pessoa)

e) “Os inocentes do Leblon/ Não viram o navio entrar (...)/ Os inocentes, definitivamente inocentes/ tudo ignoravam,/ mas a areia é quente, e há um óleo suave que eles passam pelas costas, e aquecem.” (Carlos Drummond de Andrade)

3. (UERJ - 2008)

Ideologia

Meu partido
É um coração partido
E as ilusões estão todas perdidas
Os meus sonhos foram todos vendidos
Tão barato que eu nem acredito
Eu nem acredito
Que aquele garoto que ia mudar o mundo
(Mudar o mundo)
Frequenta agora as festas do "Grand Monde"

Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver
Ideologia
Eu quero uma pra viver

O meu prazer
Agora é risco de vida
Meu sex and drugs não tem nenhum rock 'n' roll
Eu vou pagar a conta do analista
Pra nunca mais ter que saber quem eu sou
Pois aquele garoto que ia mudar o mundo
(Mudar o mundo)
Agora assiste a tudo em cima do muro

Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver
Ideologia
Eu quero uma pra viver.

(Cazuza e Roberto Frejat - 1988)

E as ilusões estão todas perdidas (v. 3)

Esse verso pode ser lido como uma alusão a um livro intitulado Ilusões perdidas, de Honoré de Balzac.

Tal procedimento constitui o que se chama de:

a) metáfora

b) pertinência

c) pressuposição

d) intertextualidade

e) metonímia




4. Sobre a intertextualidade estão corretas, exceto:

a) A intertextualidade, tema estudado pela Linguística Textual, é um elemento recorrente na escrita de textos. Mesmo quando não temos a intenção de utilizá-la, realizamo-na inconscientemente, resgatando modelos e parâmetros estabelecidos nos chamados textos fontes.

b) São dois os tipos de intertextualidade: implícita e explícita. Na intertextualidade implícita, não há citação expressa do texto fonte, fazendo com que o leitor busque na memória os sentidos do texto; já na intertextualidade explícita, ocorre a citação da fonte do intertexto.

c) A intertextualidade não interfere na construção de sentidos do texto. Trata-se apenas de um recurso estilístico utilizado para deixá-lo mais interessante.

d) Podemos dizer que a intertextualidade é a influência de um texto sobre outro. Todo texto, em maior ou menor grau, é um intertexto, pois durante o processo de escrita acontecem relações dialógicas entre os textos que escrevemos e os textos que acessamos ao longo da vida.




5. (ENEM) – Quem não passou pela experiência de estar lendo um texto e defrontar-se com passagens já lidas em outros? Os textos conversam entre si em um diálogo constante. Esse fenômeno tem a denominação de intertextualidade. Leia os seguintes textos:

I. Quando nasci, um anjo torto

Desses que vivem na sombra

Disse: Vai Carlos! Ser “gauche” na vida.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1964)

II. Quando nasci veio um anjo safado

O chato dum querubim

E decretou que eu tava predestinado

A ser errado assim

Já de saída a minha estrada entortou

Mas vou até o fim.

(BUARQUE, Chico. Letra e Música. São Paulo: Cia das Letras, 1989)

III. Quando nasci um anjo esbelto

Desses que tocam trombeta, anunciou:

Vai carregar bandeira.

Carga muito pesada pra mulher

Esta espécie ainda envergonhada.

(PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986)

Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de Andrade, por

a) reiteração de imagens.

b) oposição de ideias.

c) falta de criatividade.

d) negação dos versos.

e) ausência de recursos.




6. (UNIFOR CE/2010) – Mais de 25 séculos após Heráclito de Éfeso dizer que: Não se toma banho duas vezes no mesmo rio, Raul Seixas declarou:

Prefiro ser

Essa metamorfose ambulante

Eu prefiro ser

Essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião

Formada sobre tudo

(Metamorfose ambulante – Raul Seixas)

E Lulu Santos comparou a vida a uma onda:

Nada do que foi será

De novo do jeito que já foi um dia

Tudo passa

Tudo sempre passará

A vida vem em ondas

Como um mar

Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é

Igual ao que a gente

Viu há um segundo

Tudo muda o tempo todo

No mundo

(Como Uma Onda – Lulu Santos / Nelson Motta)




A intertextualidade evidente entre o pensamento de Heráclito e as letras das músicas de Raul Seixas e Lulu Santos se realiza por:

a) Paródia.

b) Citação

c) Alusão.

d) Paráfrase.

e) Pastiche.




7. (UNIFOR CE/2014) –

Texto I

Peixinho sem água, floresta sem mata

É o planeta assim sem você

Rios poluídos, indústria do inimigo

É o planeta assim sem você

http://mataatlantica-pangea.blogspot.com. br/2009/10/parodia-meio-ambiente_02.html

Texto II

Avião sem asa

Fogueira sem brasa

Sou eu assim, sem você

Futebol sem bola

Piu-Piu sem Frajola

Sou eu assim, sem você

(Claudinho e Buchecha)

Os textos I e II apresentam intertextualidade, que, para Julia Kristeva, é um conjunto de enunciados, tomados de outros textos, que se cruzam e se relacionam. Dessa forma, pode-se dizer que o tipo de intertextualidade do texto I em relação ao texto II é

a) epígrafe, pois o texto I recorre a trecho do texto II para introduzir o seu texto.

b) citação, porque há transcrição de um trecho do texto II ao longo do texto I.

c) paródia, pois a voz do texto II é retomada no texto I para transformar seu sentido, levando a uma reflexão crítica.

d) paráfrase, porque apesar das mudanças das palavras no texto I, a ideia do texto II é confirmada pelo novo texto.

e) alusão, porque faz referência, de modo implícito, ao texto II para servir de termo de comparação.

8. (UNIFOR CE/2012) –

Hamlet observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de Novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.

— Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me: “A senhora gosta de uma pessoa…” Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade…

A Cartomante (Machado de Assis)

A intertextualidade é um recurso criativo utilizado na produção do texto. No conto, Machado de Assis dialoga com o clássico “Hamlet” de Shakespeare com o fito de:

a) Reafirmar a crença no conhecimento científico para explicar as situações da vida humana.

b) Discutir o conhecimento científico e o conhecimento místico na sociedade burguesa do século XX. Reconhecer a importância da espiritualidade na formação da sociedade burguesa do século XIX.

c) Revelar a ambiguidade própria da obra machadiana em Hamlet de William Shakespeare.

d) Ironizar o culto ao cientificismo da sociedade burguesa.

e) Reconhecer a importância da espiritualidade na formação da sociedade burguesa do século XIX.




9. (UERJ – 2008) –

Ideologia

Meu partido

É um coração partido

E as ilusões estão todas perdidas

Os meus sonhos foram todos vendidos

Tão barato que eu nem acredito

Eu nem acredito

Que aquele garoto que ia mudar o mundo

(Mudar o mundo)

Frequenta agora as festas do “Grand Monde”

Meus heróis morreram de overdose

Meus inimigos estão no poder

Ideologia

Eu quero uma pra viver

Ideologia

Eu quero uma pra viver

O meu prazer

Agora é risco de vida

Meu sex and drugs não tem nenhum rock ‘n’ roll

Eu vou pagar a conta do analista

Pra nunca mais ter que saber quem eu sou

Pois aquele garoto que ia mudar o mundo

(Mudar o mundo)

Agora assiste a tudo em cima do muro

Meus heróis morreram de overdose

Meus inimigos estão no poder

Ideologia

Eu quero uma pra viver

Ideologia

Eu quero uma pra viver.

(Cazuza e Roberto Frejat – 1988)

E as ilusões estão todas perdidas (v. 3)

Esse verso pode ser lido como uma alusão a um livro intitulado Ilusões perdidas, de Honoré de Balzac.

Tal procedimento constitui o que se chama de:

a) metáfora

b) pertinência

c) pressuposição

d) intertextualidade

e) metonímia

10. (UFRN 2012) Observe a capa de um livro reproduzida abaixo:

A imagem é capa do livro Memórias Desmortas de Brás Cubas, de Pedro Vieira. Editora Tarja Editorial
A imagem é capa do livro Memórias Desmortas de Brás Cubas, de Pedro Vieira. Editora Tarja Editorial
a) uma metonímia.
b) uma transcrição literal.
c) uma paráfrase direta.
d) um procedimento paródico.
e) um plágio explícito.








Gabarito:

1. c 

2. b

3. d

4. c

5. a

6. d

7. c

8. d

9. d

10. d


Referências bibliográficas:

https://www.normaculta.com.br/intertextualidade-o-que-e-quais-os-tipos-de-intertextualidade/

https://exercicios.mundoeducacao.uol.com.br/exercicios-literatura/exercicios-sobre-intertextualidade.htm

https://beduka.com/blog/exercicios/portugues-exercicios/exercicios-de-intertextualidade/

https://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-redacao/exercicios-sobre-tipos-intertextualidade.htm#questao-1

https://www.letras.mus.br/blog/analise-da-musica-monte-castelo/

 



24.11.20

Tipos Textuais


As tipologias textuais, também chamadas de tipos textuais ou tipos de texto, são as diferentes formas que um texto pode apresentar, visando responder a diferentes intenções comunicativas. 

Os aspectos constitutivos de um texto divergem mediante a finalidade do texto: contar, descrever, argumentar, informar, … 

Diferentes tipos de texto apresentam diferentes características: estrutura, construções frásicas, linguagem, vocabulário, tempos verbais, relações lógicas, modo de interação com o leitor, …

Para detalhar melhor tudo isto, segue o vídeo abaixo:



Depois de entender melhor cada tipo textual, que tal analisar melhor um texto narrativo?
Segue o áudio abaixo:


Para finalizar, vamos a alguns exercícios (gabarito ao final):
Exercícios: 

1. (Universidade Estácio de Sá – RJ) Preencha os parênteses com os números correspondentes; em seguida, assinale a alternativa que indica a correspondência correta. 

1. Narrar 

2. Argumentar 

3. Expor 

4. Descrever 

5. Prescrever

( ) Ato próprio de textos em que há a presença de conselhos e indicações de como realizar ações, com emprego abundante de verbos no modo imperativo.

( ) Ato próprio de textos em que há a apresentação de ideias sobre determinado assunto, assim como explicações, avaliações e reflexões. Faz-se uso de linguagem clara, objetiva e impessoal.

( ) Ato próprio de textos em que se conta um fato, fictício ou não, acontecido num determinado espaço e tempo, envolvendo personagens e ações. A temporalidade é fator importante nesse tipo de texto.

( ) Ato próprio de textos em que retrata, de forma objetiva ou subjetiva, um lugar, uma pessoa, um objeto etc., com abundância do uso de adjetivos. Não há relação de temporalidade.

( ) Ato próprio de textos em que há posicionamentos e exposição de ideias, cuja preocupação é a defesa de um ponto de vista. Sua estrutura básica é: apresentação de ideia principal, argumentos e conclusão. 

a) 3, 5, 1, 2, 4 

b) 5, 3, 1, 4, 2 

c) 4, 2, 3, 1, 5 

d) 5, 3, 4, 1, 2 

e) 2, 3, 1, 4, 5 

2.Sobre os tipos textuais, é correto afirmar, exceto: 

a) Os tipos textuais são caracterizados por propriedades linguísticas, como vocabulário, relações lógicas, tempos verbais, construções frasais, etc. 

b) Os tipos textuais são: narração, argumentação, descrição, injunção e exposição. 

c) Geralmente variam entre cinco e nove tipos. 

d) Possuem um conjunto ilimitado de características, que são determinadas de acordo com o estilo do autor, conteúdo, composição e função. 

e) Os tipos de textos apresentam características intrínsecas e invariáveis, ou seja, não sofrem a influência do contexto de nossas atividades comunicativas. De maneira predeterminada, apresentam vocabulário, relações lógicas, tempos verbais e construções frasais que acolhem os diversos gêneros. 

3. Leia o trecho abaixo: 

"A ciência mais imperativa e predominante sobre tudo é a ciência política, pois esta determina quais são as demais ciências que devem ser estudadas na pólis. Nessa medida, a ciência política inclui a finalidade das demais, e, então, essa finalidade deve ser o bem do homem." (Aristóteles. Adaptado) 

O gênero textual utilizado pelo autor é 

a) propaganda
b) enciclopédia
c) texto didático
d) texto de opinião
e) texto prescritivo 

4. (PUC – SP) – O trecho abaixo foi extraído da obra Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade.

66. BOTAFOGO ETC.

“Beiramarávamos em auto pelo espelho de aluguel arborizado das avenidas marinhas sem sol. Losangos tênues de ouro bandeiranacionalizavam os verdes montes interiores. No outro lado azul da baía a Serra dos Órgãos serrava. Barcos. E o passado voltava na brisa de baforadas gostosas. Rolah ia vinha derrapava em túneis. Copacabana era um veludo arrepiado na luminosa noite varada pelas frestas da cidade.”

Didaticamente, costuma-se dizer que, em relação à sua organização, os textos podem ser compostos de descrição, narração e dissertação; no entanto, é difícil encontrar um trecho que seja só descritivo, apenas narrativo, somente dissertativo. Levando-se em conta tal afirmação, selecione uma das alternativas abaixo para classificar o texto de Oswald de Andrade:

a) Narrativo-descritivo, com predominância do descritivo.
b) Dissertativo-descritivo, com predominância do dissertativo.
c) Descritivo-narrativo, com predominância do narrativo.
d) Descritivo-dissertativo, com predominância do dissertativo.
e) Narrativo-dissertativo, com predominância do narrativo.

5. O trecho que segue foi extraído do conto “Lâmpadas e Ventiladores”, de Humberto de Campos:

A tarde estava quente, abafada, ameaçando tempestade. Na sala da sorveteria onde tomávamos chá, os ventiladores ronronavam, como gatos, refrescando o ambiente. Lufadas ardentes, fortes, brutais, varreram, lá fora, o asfalto da Avenida. O céu escureceu, de repente, e um trovão estalou, rolando pelo céu. Nesse momento, as lâmpadas do salão, abertas àquela hora, apagaram-se todas, ao mesmo tempo em que, dependendo da mesma corrente elétrica, os ventiladores foram, pouco a pouco, diminuindo a marcha, até que pararam, de todo, como aves que acabam de chegar de um grande voo.

Sobre a tipologia textual dessa passagem do conto, pode-se dizer a organização predominante é 

a) argumentativa. 
b) descritiva. 
c) expositiva. 
d) narrativa. 
e) poética. 

6 “Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma coisa tão interessante, que determinei logo de começar por ela esse texto. Agora, porém, no momento de pegar na pena, receio achar no leitor menor gosto que eu para um espetáculo, que lhe parecerá vulgar, e porventura torpe. Releve a importância; os gostos não são iguais”. (Machado de Assis) (Adaptado: www.eeagorajose.kt.net)

Pelas características, esse texto é um[a] 

a) crônica. 
b) ensaio. 
c) artigo. 
d) crítica. 
e) resenha. 

7. (EV) O predomínio de adjetivações é comumente encontrado no texto: 

a) Narrativo 
b) Informativo 
c) Descritivo 
d) Dissertativo 
e) Epistolar 

8. (EV) Duas características são representativas do modo de organização dissertativa, assinale-as:

a) Introdução e clímax 
b) Argumentação e sensação 
c) Sequência de fatos e de aspectos 
d) Verbos de ação e objetividade 
e) Convencimento e descrição 

9. (EV) Sobre o texto narrativo, pode-se afirmar: 

a) A estrutura textual é semelhante ao texto descritivo 
b) A postura do autor é de argumentador 
c) Há, exaustivamente, o uso de presente do indicativo. 
d) Não apresenta clímax em sua estrutura 
e) O enredo é prioritário 

10. (MACKENZIE) – “É comum, no Brasil, a prática de tortura contra presos. A tortura é imoral e constitui crime. 

Embora não exista ainda nas leis penais a definição do ‘crime de tortura’, torturar um preso ou detido é abuso de autoridade somado à agressão e lesões corporais, podendo qualificar-se como homicídio, quando a vítima da tortura vem a morrer. Como tem sido denunciado com grande frequência, policiais incompetentes, incapazes de realizar uma investigação séria, usam a tortura para obrigar o preso a confessar um crime. Além de ser um procedimento covarde, que ofende a dignidade humana, essa prática é legalmente condenada. A confissão obtida mediante tortura não tem valor legal e o torturador comete crime, ficando sujeito a severas punições.” (Dalmo de Abreu Dallan) 

Pode-se afirmar que esse trecho é uma dissertação: 

a) que apresenta, em todos os períodos, personagens individualizadas, movimentando-se num espaço e num tempo terríveis, denunciados pelo narrador, bem como a predominância de orações subordinadas, que expressam sequência dos acontecimentos; 

b) que apresenta, em todos os períodos, substantivos abstratos, que representam as ideias discutidas, bem como a predominância de orações subordinadas, que expressam o encadeamento lógico da denúncia; 

c) que apresenta uma organização temporal em função do pretérito, jogando os acontecimentos denunciados para longe do momento em que fala, bem como a predominância de orações subordinadas, que expressam o prolongamento das ideias repudiadas; 

d) que consegue fazer uma denúncia contundente, usando, entre outros recursos, a ênfase, por meio da repetição de um substantivo abstrato em todos os períodos, bem como a predominância de orações coordenadas sindéticas, que expressam o prolongamento das ideias repudiadas; 

e) que consegue construir um protesto persuasivo com uma linguagem conotativa, construída sobre metáforas e metonímias esparsas, bem como com a predominância de orações subordinadas, próprias de uma linguagem formal, natural para esse contexto. 










Gabarito:
1. b)
2. d) 
3. d) 
4. a)
5. b)
6. a)
7. c) 
8. d) 
9. e) 
10. b)






Chegou a vez do Modernismo...

 Hoje, falaremos do período literário e artístico que transformou definitivamente o cenário brasileiro quando se fala em produção artística:...